A partir de hoje, está liberado o empréstimo de cotas de Fundos Imobiliários (FIIs) e de Fundos de Investimentos em Participações (FIPs) na B3.
Antes, esse empréstimo, que também pode ser entendido como aluguel, somente era possível ser feito com as ações e não com esses tipos de ativo.
Mas como essa notícia impacta o mercado que se vê diante de uma nova realidade?
Bom, para começar, impacta porque agora não só será viável investir em fundos imobiliários na B3, bem como emprestá-los para ganhar mais dinheiro.
Se você não compreende como funciona esse processo e como tirar mais dinheiro disso, buscaremos explicar em mais detalhes neste texto.
Dessa forma, seguiremos a seguinte linha de raciocínio:
Para quem não tenha tanto contato com o assunto, o empréstimo de ativos, seja qual for, é um recurso que pode ser utilizado por quem deseja operar “vendido” (termo conhecido como “short” no mercado financeiro) e lucrar com a queda de determinado papel.
Essa operação envolve duas partes…
O tomador, que assume o empréstimo ou o aluguel por determinado período
Isso para poder vender o ativo, recomprá-lo posteriormente por um valor mais baixo no mercado e devolver ao doador.
E por que ele faz isso? Como qualquer outro negócio dentro mercado, para lucrar com a diferença.
Já a outra parte é o doador, em geral com maior foco no longo prazo.
Ele, nesta ocasião, disponibiliza o ativo para o aluguel em troca de uma remuneração.
Na prática, esse é um instrumento já utilizado por grande parte dos detentores de ações para obter uma rentabilidade a mais com os papéis detidos.
E agora será possível acontecer frequentemente com FIIs e FIPs.
Segundo a Bolsa brasileira, para que as cotas estejam disponíveis para empréstimo, o fundo deve atender aos seguintes critérios:
O cálculo da média será feito com base nos últimos seis meses, referente ao período de maio a outubro de 2020, por exemplo.
Além disso, a B3 afirma que a análise para inclusão de novos fundos será realizada a cada seis meses.
Isso valendo a partir de outubro de 2020, levando em consideração a média dos seis meses anteriores.
Aliás, é bom lembrar que a B3 confirmou ainda que será impedida a operação em dois casos:
E é de responsabilidade do participante intermediário informar a presente vedação aos seus clientes.
Então, o que a B3 está levando ao mercado, ao permitir a liberação desses empréstimos de cotas de FIIs e FIPs?
Bom, essa iniciativa começou a partir de um problema onde se encontrou uma oportunidade.
O “problema” era: quando você comprava um fundo para o longo prazo, nesse período ele fica parada – enquanto outras pessoas poderiam estar operando esse fundo.
E para a Bolsa nacional, quanto mais movimentação dessas operações há, melhor é para ela.
Por conta disso, a B3 fez o seguinte: oferece oportunidade de a pessoa emprestar o seu fundo para alguém que quer operá-lo e, em troca, essa pessoa vai pagar uma remuneração em forma de juros a outra.
Ao mesmo tempo, B3 garante a quem empresta o fundo que, não importa se essa pessoa terá lucro ou prejuízo com o seu fundo, você o terá de volta ao final do empréstimo.
Para mostrar como é possível tirar mais dinheiro no meio desse processo, consideremos ambas as partes envolvidas.
Primeiro, o doador, que pode ser justamente você a fazer o empréstimo desse ativo.
Por a Bolsa garantir que você receberá uma remuneração em forma de juros e terá o ativo de volta, a vantagem fica bem evidente.
Do outro lado, o tomador, que é o “trader”, está pegando o ativo emprestado.
Portanto, qual seria o benefício dele?
Se a cotação de fato cair, na hora de devolver o fundo alugado, você o comprará a um preço mais baixo no mercado à vista e ganhará nessa diferença de preços.
Exemplo:
O fundo XPLG11 está em queda e você acredita que essa tendência vai durar.
Então, você decide vender 1.000 fundos XPLG11 ao preço de R$ 10 cada uma, mesmo sem possuir nenhuma delas em carteira.
Para fazer isso, você o aluga no mercado e, assim, tem o ativo em mãos para entregar ao comprador dos 1.000 fundos que você colocou à venda.
Pela operação, você vai receber R$ 10.000 (1.000 fundos x R$ 10).
Ao fim do prazo do aluguel, as ações ABCD estão cotadas a R$ 5.
Dessa forma, você vai recomprar os mesmos 1.000 fundos que você alugou para vender, e que você precisa devolver ao doador, por R$ 5.000.
Ou seja, você teve um ganho de R$ 5.000 nessa operação (sem contar custos operacionais).
Por outro lado, caso a operação inverta a tendência, isto é, se o mercado passar a subir em vez de cair, as perdas podem ser grandes para você.
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